(Inajá Martins de Almeida)
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O fio da meada de lã peguei,
E a tecer comecei.
O tempo solto corria,
Nas mãos o trabalho crescia;
Parar, já não podia.
As mãos trabalhavam;
Célere, o pensamento corria;
ultrapassava fronteiras.
Enquanto a lã, as mãos teciam,
A linha, os pensamentos envolviam.
Eis que, tomadas de sobressalto,
Pararam as mãos de tecer
Com lã, e as palavras, na linha,
Começaram a nascer.
Mesclando imagem da lã,
A linha logo se enchia.
Aí artesã poeta virou,
A meada de lã largou,
A palavra na linha garrou.
Contudo, da lã, o verbo não distanciou
E o fio da meada, agora, está na linha.
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Manhã fria de setembro 2009, enquanto Inajá tece a toalha que irá ornamentar a mesinha da sala de estar de sua nora, Lilica pede carinho, sem se dar conta de que o olhar atento do fotógrafo Elvio A.Arruda, registra a cena. É o momento em que a artesã larga a lã e na linha coloca sua impressão que ficará registrada no tempo.
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Poema extraído do livro "ENTRE LÃS E LINHAS" de Inajá Martins de Almeida
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